Apesar de todas as benesses e facilidades que o avanço digital nos traz, há também uma série de problemas que o crescente uso das redes sociais tem ajudado a disseminar. E um dos principais deles é a superação de certos limites para garantir a geração de conteúdo que alimenta os feeds das mídias. Dois casos relevantes nas notícias desta semana ajudam a ilustrar bem esse fenômeno.

Em Goiás, a polícia civil vem investigando os pais de uma menina com deficiência que vinham utilizando da sua condição para obterem doações. Segundo as investigações, estariam sendo analisadas “brigas forjadas” entre os pais, que poderiam render mais visualizações aos vídeos produzidos sobre o dia a dia da criança e, consequentemente, mais ganhos financeiros; além de supostas situações de maus-tratos à menor e de desvio do dinheiro doado, ambas por parte do pai, com quem a criança mora.

Já em São Paulo, cinco policiais militares foram afastados de suas funções após permitirem que o youtuber americano Gen Kimura participasse e filmasse ações do grupo em uma favela na zona norte da capital. A ação, segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, infringe códigos de conduta da corporação, como, por exemplo, expor um civil sem treinamento dentro de uma viatura, entre outras coisas. Apesar disso, o vídeo no canal do youtuber já possui quase dois milhões de visualizações e continua no ar.

Em uma era onde criadores de conteúdo surgem à torto e à direito, não surpreende que casos assim aconteçam e virem notícia. Esse, aliás, é o resultado de um mundo onde o clique, a curtida e a visualização é o que vale, não importa o nível de exposição ou de risco assumido para tal. Estranha essa realidade...